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Toledo:Oficina ajuda palhaços a identificar seus talentos

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Oficina ajuda palhaços a identificar seus talentos

Oficina integra a programação da XI Mostra e IV Festival de Circo Social

“Não tem como ensinar a ser palhaço. O que podemos ser é uma espécie de guia, estimulando o artista a descobrir o palhaço que tem dentro de si. Fazer com que a sua autenticidade flua e se manifeste de uma forma mais espontânea, algo que é muito libertador”, comentou Silvestre Phillipp, o Palhaço Macaxeira, de Curitiba, que está em Toledo para participar da XI Mostra de Circo e IV Festival de Circo Social. Ele chegou na segunda-feira, 25, em Toledo e permanece até o final de semana, participando de apresentações e coordenando a oficina de palhaço, que será realizada na quarta-feira, 27, no picadeiro do Circo da Alegria, das 8h30min às 11h30min.

Segundo ele, não existe uma verdade única ou um jeito específico de ser palhaço, mas o instrutor faz com que o palhaço trabalhe em uma vertente única, uma mesma base, fazendo com que ele perceba o potencial que tem dentro de si e como isso pode tornar-se engraçado. Ele comparou a função do instrutor a de um barqueiro. “Existe um mesmo objetivo que é o de atravessar o rio. O barqueiro conhece o rio, as correntezas, os obstáculos e pode orientar para uma passagem mais tanquila, mas cada um terá que encontrar o seu próprio caminho. O artista precisa encontrar o palhaço que tem dentro de si. O que podemos fazer é auxiliar o artista nesta busca, para que ele identifique o seu potencial e consiga levar ao público com mais autenticidade Ele precisa perceber o que tem dentro dele, o que é cômico e pode ser mostrado”.

Ele destacou também a importância da Mostra e do Festival como forma de compartilhar com outras pessoas as atividades que estão sendo feitas, transformando-se em um palco para os alunos e também uma oportunidade de troca de experiências, de novas vivências dos professores. “Existem muitos projetos sociais e escolas de circo pagas, que não tem a oportunidade de apresentar o seu trabalho, o que é essencial para qualquer artista. Eventos como estes são essenciais para mostrar o que os professores estão ensinando e o que os alunos estão aprendendo, ver o seu e o trabalho e o de outras pessoas, os frutos que estão sendo gerados. O público é o motor da arte”.

Programação da Mostra e Festival

Aberta oficialmente na segunda-feira, à noite, a XI Mostra e IV festival de Circo Social continua nesta terça-feira, 26, com oficina e mesas de debates. Das 8h30min às11h e das 13h30min às 16h, no CEU das Artes, será realizada a oficina “uma abordagem pedagógica da manipulação de objetos”, com professor Rodrigo Mallet, doutor em circo pela Unicamp. Das 9 às 12h, no picadeiro do Circo da Alegria, será realizada uma mesa de debates, das 9 às 12h. À tarde, a partir das 13h30min, também no Circo da Alegria, serão realizadas oficinas de acrobacias de solo, pedagogia dos malabares e carteira de monociclo. À noite, às 20h, no Teatro Municipal, o espetáculo Imaginarium, da Troupe Tangará, de Londrina.

A programação continua na quarta, quinta e sexta, com oficinas no picadeiro do Circo da Alegria e apresentações da Mostra de Circo, em dois horários, às 9h e às 14h, no Teatro Municipal. Na quarta, 27, será realizado o show Circo Ático, às 20h, no Teatro Municipal, e show Los Circo Los, às 20h, na escola municipal de São Luiz do Oeste. Na quinta-feira, o Cabaré de Circo, às 20h, no picadeiro do Circo da Alegria, e na sexta, último dia, Aerocircus na Rua, de Londrina, com o circo no ônibus, no Clube Concórdia, em Concórdia do Oeste, o show Varieté, da Trupe Fundacam, de Campo Mourão, às 20h, no Teatro Municipal, e a Noite da Luz e Fogo, às 21h30min, no Parque Ecológico Diva Paim Barth.

 

Mostra e Festival permitem troca de conhecimentos entre profissionais e alunos

 

“É emocionante poder repassar os nossos conhecimentos e apresentar em um projeto que a mais de 20 anos ensina circo para às crianças, como é o caso do Circo da Alegria. Poder trocar informações com outros artistas e também com os alunos, ver a variedade de trabalhos de outros grupos, de várias cidades e estados diferentes, é muito gratificante”, afirmou o palhaço Marcos Camelo, que ao lado da bailarina Cecília Viegas apresenta “O nosso Grande Espetáculo”, da Adorável Companhia, do Rio de Janeiro. A dupla está com uma turnê no Paraná e aproveitou o roteiro para incluir uma apresentação nesta segunda-feira, 25, às 10h, no Circo da Alegria, fazendo parte da XI Mostra de Circo e IV Festival de Circo Social, aberto oficialmente na segunda-feira à noite. “É muito bom poder contribuir para o crescimento e a formação continuada dos profissionais e dos alunos. Quando estava me preparando, no teatro, sonhava em um dia viajar, percorrer o país em uma companhia. Estar aqui, apresentando-se para estas crianças, em uma escola pública, permite a elas vislumbrar a possibilidade de uma carreira, de um futuro nas artes”, reforçou ele.

Os dois divertiram as crianças que lotaram o picadeiro do Circo da Alegria com um espetáculo que mistura música, palhaços e acrobacias aéreas. Eles não são de famílias circenses, mas escolheram o circo como opção, aproveitando a formação dele no teatro e dela como bailarina profissional. Além dos diferentes palcos circenses, Marcos também atuou como palhaço em hospitais, levando um pouco da alegria aos pacientes que estão se tratando de uma doença. Neste trabalho teve a oportunidade de fazer algumas atividades no exterior, além de manter contato com artistas norte-americanos que desenvolvem um projeto baseado na metodologia do médico Path Adams, que auxilia no tratamento da doença através do humor. “Foi uma experiência muito rica, um contato com profissionais de outros países. No teatro, o artista trabalha para a plateia, no circo, assim como nos hospitais, o artista trabalha com a plateia, com o outro. Tive a oportunidade de trabalhar com artistas do mundo inteiro, numa experiência inusitada”

Bailarina clássica, formada por uma escola do Rio de Janeiro, Cecília Viegas, que atua como acrobata, levou para o circo a estética do balé clássico, os gestos, a delicadeza, a firmeza muscular. “O meu movimento acrobático é de uma bailarina clássica”, explica ela, ressaltando que também levou para o circo a disciplina e a rigidez do balé clássico, com a preparação prévia, o aquecimento, entre outras ações, visando uma preparação mais rigorosa e efetiva. Segundo ela, no circo pode mesclar os movimentos precisos e calculados do balé com a arte do palhaço, que trabalha com a improvisação.

“Antes era impossível pensar que entraria no palco sem saber o que fazer exatamente. Agora consigo aliar a certeza do balé e todos os passos calculados com a incerteza do palhaço, com troca direta de informações com a plateia. Faço algo novo e aprendo todo o dia em cena, diferente do balé que tem movimentos calculados, sempre idênticos, sem a possibilidade de alterações”.

Para ela, hoje o circo está mudando, com os conhecimentos sendo sistematizados e documentados. Antes, afirma ela, os conhecimentos eram transmitidos de forma oral, com igual ou superior valor pelas famílias circenses ou escolas. Hoje estão sendo registrados, o que permite um reconhecimento maior pela sociedade.