Itaipu cria Comitê de Gênero, Raça e Inclusão durante 1º Encontro Binacional de Mulheres
Evento reuniu mulheres do Brasil e Paraguai para debater a importância feminina nos espaços de decisão e poder.
Fotos: Rafa Kondlatsch / Itaipu Binacional
A Itaipu anunciou, nesta terça-feira (25), a criação do Comitê de Gênero, Raça e Inclusão da margem esquerda (brasileira). A iniciativa retoma oficialmente a discussão destes temas centrais com empregadas e empregados no lado brasileiro da Binacional.
O comunicado foi feito pelo diretor-geral brasileiro, Enio Verri, e pela assessora de Responsabilidade Social, Fiorinda Pezzatto, durante o 1º Encontro de Binacional de Mulheres, o primeiro da história da usina e promovido pela empresa. Participaram mais de 500 pessoas, a maioria mulheres da Itaipu e de suas fundações Itaiguapy e Fibra.
O evento ocorreu dentro da área da usina, no Cineteatro dos Barrageiros, em Foz do Iguaçu (PR). A escolha da data é simbólica: em 25 de julho é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, é também o Dia de Tereza de Benguela, a escrava negra que virou rainha.
A data também está sendo lembrada na agenda que incluiu ainda uma reunião entre mulheres da região e a socióloga e esposa do presidente Lula, Janja da Silva, no Centro de Recepção de Visitantes da Itaipu. À noite, mais de 1.400 pessoas participam do fechamento do encontro com autoridades do governo federal e lideranças locais, no Rafain Expo Center.
“O evento celebra a retomada das iniciativas de reponsabilidade social com foco nos públicos internos e externos da margem brasileira da Itaipu e faz parte dos compromissos assumidos com o presidente Lula", explicou o diretor-geral, Enio Verri, destacando que esta é uma de tantas outras iniciativas com foco nos direitos humanos.
Pela manhã, a programação destinada ao público interno da binacional incluiu uma palestra sobre liderança feminina com a presidenta do Banco do Brasil (BB), Tarciana Medeiros. Ela é a primeira mulher a comandar a instituição financeira, em mais de 200 anos. Antes, o público pôde participar de dinâmicas com a Psicologia Organizacional da Itaipu e conferir a atração musical do grupo paraguaio Tradición Folk e Aye Alfonso. O cineteatro ficou lotado. O repertório reuniu músicas brasileiras e paraguaias.
Retomada
O Comitê de Gênero, Raça e Inclusão tem o objetivo de ampliar o alcance das ações socioambientais da empresa por meio de projetos voltados à promoção e respeito aos direitos humanos, como equidade de gênero, acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência, assim como apoio, acolhimento e desenvolvimento relacionados aos aspectos de etnia, idade, origem, identidade de gênero, considerando grupos vulneráveis em todas as dimensões.
Ao tomar conhecimento sobre a instituição do comitê, Janja da Silva, declarou que ficou "muito feliz de voltar à empresa e ver que realmente a vontade do presidente Lula de fazer a união e a reconstrução do Brasil está acontecendo aqui”.
Quando trabalhou na binacional, na área de Responsabilidade Social, Janja integrou o Comitê de Gênero, que foi descontinuado nos últimos anos. "O Comitê de Equidade de Gênero de Itaipu, um dos pioneiros do setor elétrico brasileiro, foi muito importante na última década e agora volta com toda a força. Temos um trabalho muito bonito para fazer pela frente e Itaipu já tem todo esse know-how”, concluiu.
Primeira mulher a ocupar um cargo na Diretoria Brasileira da Itaipu e a implementar ações de gênero na empresa, a deputada federal Gleisi Hoffmann, que também está em Foz para o encontro organizado pela Itaipu, avaliou como "um grande avanço" a retomada do comitê, agora ampliado para questões de raça e inclusão. “Mostra o compromisso desse governo, de incluir mais da metade da população, que é formada por mulheres, na gestão ativa, nas decisões, no comando das empresas, trazendo todo esse olhar de inclusão e da diversidade que representa nosso povo".
Segundo a secretária-executiva do Ministério da Mulher, Maria Helena Guarezi, que já coordenou o Programa de Incentivo à Equidade de Gênero da margem esquerda da binacional, por 11 anos, “é com muito entusiasmo que vejo essa retomada, sobretudo pela visão mais humana desse governo”.
Para Enio Verri, a integração feminina em uma empresa predominantemente masculina é extremamente importante e necessária, mas envolve desafios diários; e cabe a cada um criar um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, livre de preconceitos e discriminação. “Muitos falam da força das mulheres, da generosidade delas, mas não falam das mulheres que têm dupla, tripla jornada”. E comentou: “Muitas vezes até falamos que damos uma ajuda em casa, mas ajudar não é dividir”. E complementou: “Equidade é garantir espaços e oportunidades iguais”.
Caminho a percorrer
O Relatório de Sustentabilidade publicado por Itaipu mostra que, em 2022, a margem brasileira da usina contava com 1.285 profissionais, dos quais 1.033 eram homens e apenas 252 mulheres. Entre as ações do comitê está desenvolver estratégias para uma distribuição mais equânime no quadro funcional, inclusive nos cargos de liderança.
Fiorinda Pezzatto contou que, na posse do diretor-geral brasileiro, ela ouviu que Itaipu iria inverter as pautas prioritárias. Os enfoques principais seriam para o meio ambiente e o social e, por terceiro, para as obras estruturais. “Para mim, isso representa um compromisso ainda maior; um desafio de viver novos tempos.”
A assessora enfatizou: “A Responsabilidade Social da margem esquerda está de volta. Voltamos a atender os adolescentes, os refugiados, os quilombolas, os pescadores, as pescadoras, enfim, homens e mulheres de todas as representações da sociedade”.
Fiorinda citou como uma das conquistas internas a assinatura da minuta de adequação de carreira na licença-maternidade, que antes era interrompida no período de afastamento da mulher. A progressão de carreira era atrasada porque os seis meses não eram contabilizados.
Também destacou que a engenheira de alimentos Camila Jácome de Campos tornou-se a primeira mulher a assumir uma gerência dentro da Superintendência de Materiais. Camila vai comandar a Divisão de Almoxarifados (MTAA.DF), a maior dentro da Diretoria Financeira, com 29 pessoas, das quais 13 são de nacionalidade paraguaia e 16 brasileira.
O superintendente de Responsabilidade Social, Gerardo Sória, representando o diretor-geral paraguaio, Manuel María Cáceres Cardozo, saudou o público lembrando que o empoderamento feminino é estrategicamente importante tanto para o Paraguai quanto para empresas como a Itaipu Binacional. “Temos muito orgulho de contarmos com duas conselheiras e várias mulheres em cargos de chefia em diversas áreas", disse. E anunciou: "O cargo da Assessoria de Responsabilidade Social no Paraguai também será ocupado por uma mulher”.
Para a representante do Ministério de Relações Exteriores do Paraguai no Conselho Administrativo, Liz Rosanna Crames, “nós somos mulheres privilegiadas, porque, de uma forma ou de outra, estamos aqui. É preciso continuar trabalhando pelo combate à desigualdade para que muito mais outras tenham oportunidades iguais e que as políticas de gênero avancem para termos uma maior representatividade no Paraguai como um todo”.
A presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, defendeu que, ao ascender profissionalmente, cada mulher precisa trazer consigo outras mulheres. “Uma chega e traz com ela mais três, quatro. Para mim, o topo não é ser CEO do banco, mas ter outras mulheres no topo da carreira.” E deu como exemplo a própria campanha do Banco do Brasil assinada como o nome “Mulheres no Topo”.